depois de velho, continuou tarado.

sábado, abril 30, 2005

58

"Kinsey - Vamos falar de sexo" (Kinsey)
dir: Bill Condon
Com: Liam Neeson e Laura Linney
EUA.

quarta-feira, abril 27, 2005

Corrida.

Nem sei o nome dela. Nem quero saber. Só quero continuar vendo seu traseiro fantástico. Prazer em ver a natureza em sua perfeição.

Um amigo inventou de acordar cedo e fazer exercícios. Não sei onde estava com a cabeça quando disse que sim. O amigo foi pra longe. Tentar a sorte em outras terras. Eu continuei. Continuei para ficar de olho naquelas nádegas formidáveis.


A garota nem é bonita de rosto. Não parece ser das mais simpáticas. Honestamente, nem saberia descrevê-la. Seu bumbum eclipsa qualquer outra característica. É tão magnético que desvia o olhar.

É loira. Sei isso. Olhos claros? Talvez. Nariz empinado? Acho que não. Boca carnuda? Nem sei se ela tem dentes. Raimunda? Não faço a menor idéia.

Agora os glúteos... di-vi-nos!

Não são daqueles grandes, gigantescos. Tem um bom tamanho. E, principalmente, tem uma bela curvatura. Aquele perfil de destaque. Um bom volume. Uma boa consistência. Não é gelatina. Firme. Não duro. Do tipo que chacoalha, mas não cai. Faz umas marolas, quando bem agitado. Ah... e como eu queria dar uma agitadas naqueles montes...

A dona desta maravilha sabe o que carrega. Tanto que não esconde atrás de agasalhos presos na cintura ou calças largas. Faz questão de usar aquelas bem coladas. Coladinhas. E, pelo que vejo daqui, a pele é lisinha. Sem buracos ou percalços. Esta mulher deve encher a buzanfa de cremes e mais cremes! Além dos exercícios. E quando perguntam, nossa como você consegue manter assim? responde - sem ficar vermelha – nada, é genética.

Hoje mandaram a gente dar umas voltas. Correndo. Esqueci que vinha aqui pra transpirar. Os mais jovens correm na frente. Querem mostrar a potência sendo os mais rápidos. Calma. Vocês vão perder o melhor.

Levanto sem pressa. Os rapazes já vão longe. Mas ela, a majestosa, ainda está aqui. Ela vai. Eu vou atrás. Não tenho a menor vergonha. Posso até ser o último, mas com certeza serei o mais bem colocado.

Que belo balançar! Abana este rabo, abana!

Nem sei o nome dela. Nem quero saber. Mas a bunda eu chamo de Carolina.


segunda-feira, abril 25, 2005

de Zé para João.

De início não gostei.
Mas pré-julgaram o Bento XVI de uma forma que nunca havia visto antes.
Nem o Paulo Nunes quando vestiu o manto sagrado do Corinthians sofreu tanto.
Agora começo a achá-lo um cara legal.
Se tanta gente é contra, alguma coisa de bom ele deve ter...
Nem sou católico. Pouca coisa vai mudar na minha vida. Na sociedade pode mudar muito.
Deixa o cara errar antes de meter o pau.
Antes de ser Papa, mudam de nome. Isso é simbólico. Deixam de ser Zé, passam a ser João. Limpos dos erros de Zé. Prontos para os erros de João.

domingo, abril 24, 2005

57


- ticket -


"As bibicletas de Belleville" (Les triplettes de Belleville)
dir: Sylvain Chomet;
França.

Meretriz e o Leão: fim da edição.


- pés de Carol -


Hoje terminei de editar "A Meretriz e o Leão".
São duas versões. Tenho que escolher uma.
Não vou escolher nenhuma. Vou misturá-las.
Acho.

Quer ver mais fotos?
multiply.

Início.

Nunca fomos de começar bem um campeonato.
Empate. Não foi bom. Mas ruim não foi também.
Oportunidade para colocar os pés no chão.

56


- o bilhete -

"Adorável Júlia" (Being Julia)
dir: István Szabó;
com: Annette Bening e Jeremy Irons;
EUA.

sábado, abril 23, 2005

55

"Ninguém pode saber" (Dare mo shiranai)
dir: Hirokazu Kore-eda;
com: Yuya Yagira, Ayu Kitaura e Hiei Kimura;
Japão.

Invenção espacial.


- vila madalena ou paraíso? -

Jogo subterrâneo. Ele entra no metrô pela Praça Patriarca. Desce as escadas. Está na estação Paraíso. Sofre uma decepção. Anda pela Tiête. Tudo como se fosse uma seqüência.

O casamento de Romeu e Julieta. A torcida do Corinthians está no Pacaembu. A do outro time, no Parque Antárctica. O jogo é um só.

Na poltrona de trás cochicham “erro, erro, erro.”. Nas da frente gritam “erro, erro, erro.”. Vão estudar cinema! Eu penso.

A linguagem cinematográfica permite a criação de espaços geográficos. Esta é justamente uma das magias da sétima arte. Filmar o plano num lugar. O contraplano em outro. De preferência num dia diferente também. Na sala de edição eles se unem. Parece uma conversa real.

E daí que eu conheço o metrô e o Pacaembu? Na França eles nem vão notar. Nem preciso ir tão longe. No Rio de Janeiro eles não devem ter notado. O filme não foi feito sob medida para você. Pare de pensar com o seu umbigo.

Esta criação de espaços que não existem pode ser proposital ou acidental. Quem já filmou sabe. Muitas vezes não dá pra se filmar com a realidade. O tempo não permite, ou a produção, ou o espaço. Não fosse este subterfúgio muitas histórias não sairiam do papel.

A Invenção da montagem deu ao cinema uma linguagem. Que entre outras coisas, nos permite brincar com o tempo – um minuto pode durar trinta – ou com o espaço – como neste caso. Não esperneie ao ver estes filmes. Seria como brigar com um pintor por usar o pincel.

Não vou esconder. Estes filmes não são perfeitos. Têm erros. Mas nenhum deles é este.

[publicado em 11/04 no multiply]

54

"A intérprete" (The interpreter)
dir: Sydney Pollack;
com: Nicole Kidman e Sean Penn;
EUA.

foto de lata.


Esta é a melhor foto que tirei com a minha latinha.
Da janela da casa do Flávio.
Caiubí.
Pouco antes de chegar na Sumaré.

Os brutos ainda vão ao cinema.


- banho-maria com cara de mal -

[Mea culpa: Não vi o filme original, só esta refilmagem]

Vivemos tempos mornos cinematograficamente. Politicamente correto. Sam Peckinpah, Don Siegel e Sergio Leone não deixaram herdeiros. Clint, hoje, chora com meleca pendurada no nariz. Concorre ao oscar e emociona o mundo. Eis que assisto “Assalto à 13ª delegacia”. Ainda há alguém fazendo cinema de macho.

Filmes de arte-marcial viraram filmes de arte. Namoradas imploram para ir ver. No meu tempo elas iam só amarradas. É tão lindo. Em câmera lenta, dois homens trocam sopapos. Não há sangue. Há um belo figurino. Coreografia que se parece com balé. E um grande amor que move montanhas. Por que Jakie Chan envelheceu? Bruce Lee morreu? Onde andam os culhões?

“Assalto...” é uma refilmagem. John Carpenter, 1976. Talvez aí resida sua força. Confesso que não esperava muito. Ethan Hawke é um ator banho-maria. Difícil entender como foi parar nesse projeto. O fato é que há algum tempo não se faz um filme assim. Com armas, mortes, sangue (podia ter mais), honra. Seco. Direto. Sem rodeios. Pá, pum. Tem defeitos, mas preferi olhar para o outro lado.

Claro, não se pode comparar Jean-François Richet com os mestres acima citados. Falta muito feijão para este francês. Mas ele tem méritos ao realizar este longa nos dias de hoje.

Minha testosterona aprovou.

{publicado em 20/04 no multiply}

Cruel.

De onde vieram tantos? E o que diabos fazem aqui? Meia-noite, de sexta para sábado, filme de Jim Jarmush. Adolescentes.

Será que ninguém ouviu falar de controle de natalidade? Que a população cresce em progressão geométrica? Tomara que a China domine o mundo. Um filho por casal. Um futuro de idosos. Nunca mais adolescentes.

Movimentam-se como se dominassem o mundo. Rei na barriga. Já sei de tudo. Nada me surpreende. Mal saíram da placenta. Idiotas. Vocês não sabem nada! Estão cheios de sonhos. De certezas inúteis. De hormônios. Adolescentes.

Com seus celulares que tiram fotos. Câmeras digitais. Vou colocar esta foto no meu fotoblog. O que será que escrevo no meu blog amanhã? Por que você não escreve um scrap pra mim? Aposto que ao final da sessão vão ligar pro papai. Já acabou, vem me buscar?

Eles não vão entender o filme. Será que algum professor mandou assistir? Isso explicaria a presença deles. Pai, não entendi, o filme era em preto-e-branco, preciso entregar um trabalho sobre ele na segunda. Explica pra mim? Torço para que seu pai seja uma besta sem cultura. Que você tire dois ou três. Que amaldiçoe Jarmusch para o resto da vida. E não venha mais atrapalhar minha sessão de cinema.

Epa! Aquela ali até que é bonitinha.

Se tivesse idade e estudasse na classe dela com certeza me apaixonaria. Quem estou querendo enganar. Se ela sorrisse para mim agora, ganhava meu coração. Mostrava um pouco daqueles dentes bem tratados e eu fisgava a isca.

Sua inocência me atrai. Sua ingenuidade me enoja. Adoraria destruir seus sonhos. Um por um. Fazê-la mulher. Ei, alguém tem que mostrá-la o mundo real. Bastava ela olhar para este barbudo, que chorou na copa de 82. Exterminaria seu futuro. Seria mais uma mulher infeliz, reclamona, freqüentadora de consultórios. Seu sofrimento, o meu troféu. Aquela ali, de cabeça baixa, fui eu. Velho tarado.

Quando tinha uma década e meia, pensava “Aos vinte paro de me masturbar.”. Santa imbecilidade, Batman. Hoje, rezo todos os dias para conseguir bater uma aos oitenta. Velho tarado. Tarado, com muito orgulho.

Senta aqui no meu colinho?

Aborrecentes. Parecem que vão dominar o mundo. E vão. Mas não serão mais jovens. Nem terão tanta certeza. O jovem leão será comido pela velha hiena. Você não assiste National Geographic Channel?

Não tenho dúvida. Serei um velho ranheta. Mau-educado. O louco da rua. Vou furar as bolas que caírem no meu quintal. E vou peidar na fila do pão. Com cheiro e ruído!

Clichê. Voltar no tempo, sabendo o que sei hoje. Para quê? Acabaria sendo o diferente da turma. O chato. Minha experiência seria minha ruína. É o pior que pode acontecer. Ser o paria. Eu já fui um. Sei que é uma bosta.

Maldição! Irei sonhar com aquela menina. Sonhar que passei cola na prova de português. Sonhar que éramos virgens. Sonhar que tivemos filhos. Sonhar que fomos felizes para sempre.
Já vai começar o filme. Será que eles não vão calar a boca?

Dão risadas no letreiro inicial. Rindo do quê? Onde está a graça que não vi? O que vocês tem na cabeça? Iogurte?

Provavelmente.

A diferença é que o meu já passou da validade há muito tempo.

[publicado em 12/03 no multiply]

sexta-feira, abril 22, 2005

A Lesma e o Caramujo.

- Sai do casulo, Caramujo!
Gritava a Lesma.

O Caramujo estava enclausurado e não tinha como tirá-lo de sua casa. A Lesma queria farrear e convidava o Caramujo sempre.

“Quem sabe um dia ele sai.”, pensava positiva. Mas ele não saia. Não que ele fosse antipático, ou tivesse poucos amigos. É que em casa, ele se sentia muito bem. Até pensava em aceitar o convite, mas ponderava, “Em casa tenho tudo. Meus amigos me visitam de quando em quando. E se for ruim lá fora? Aqui está tão bom...”.

A Lesma insistia. Todo os dias. E o Caramujo não saia de jeito nenhum.
- Vamos sair, Caramujo?
- Hoje não, amiga Lesma. Tenho que lavar louça.

- Caramujo, tem uma festa na casa do Tatu!
- Mas hoje? Logo hoje, dona Lesma? Acordei com uma diarréia...

- É noite de forrobodó! Vem dançar, Caramujo?
- Até queria, Senhora Lesma. Verdade. Mas estou meio sem dinheiro.

O Caramujo poucas vezes falava a verdade. Que não estava disposto. Preferia uma mentirinha. “Pra não magoar a Lesma”.

Tanta desculpa esfarrapada cansou a Lesma. Cansou tanto que ela deixou de convidar o Caramujo. Ia pra farra. E se divertia. Sozinha. Como sempre.

Encontraram-se no supermercado. Trocaram um olhar rápido. Lesma continuou as compras, mas o Caramujo ficou inquieto. “Por que ela parou de me chamar?”, ecoava em sua cabeça. Agora, ele não tirava os olhos dela. Ela percebeu e riu por dentro. Quando Lesma estava indo para o caixa, com um carrinho cheio de compras, o Caramujo correu atrás.

- Lesminha, por que você parou de me convidar para as baladas?
- Ora, doutor Caramujo, te convidava e você nunca ia. Cansei minha beleza.
- Desculpa, companheira Lesma, desculpa mesmo. É que em casa é tão aconchegante que fico com preguiça de conhecer o mundo lá fora.
- Você não sabe o que está perdendo, amigo Caramujo.
- Mas hoje eu vou. Vou sim, camarada Lesma.

Mais tarde naquele dia, o Caramujo dormia sossegado. “Vou guardar minhas energias”. De repente ouviu ao longe uma música. Uma música contagiante. Abriu os olhos e começou a colocar a cabeça para fora. Viu uma sombra que dançava. Dançava sem parar ao ritmo daquela canção. Fixou o olhar e percebeu que era a Lesma. “Nossa, como ela dança bem”, observou enquanto sorria. A Lesma realmente era espetacular. Já havia ganhado vários concursos de dança. Mexia aquele corpinho com poucas.

Seduzido pela música e pelo balançar da Lesma, o Caramujo foi saindo de sua casa devagar, por
ém decidido. “É hoje que vou me acabar com a sexy Lesma”, projetou o futuro com segundas intenções.
A Lesma continuava a rebolar. Via o caramujo saindo e sorria, sorria muito. Vitória. “Hoje vou me esbaldar com o corpinho do Caramujo”, com fogo nas entranhas ela ponderava.

Os dois, com muita intensidade, nunca pararam de se olhar. Nem perceberam a aproximação atrevida de um menino sapeca com um saleiro na mão.


[publicado em 04/01 no multiply]


30 dias.

Faz um mês. 44 segundos em um, 45 no outro. Um mês. Primeiro no direito, depois no esquerdo. Um mês. Conhecidos me olham com estranhamento. Um mês. E minha vida não é mais a mesma.

Há um mês eu estive de corpo presente numa clínica. Perto da avenida Ibirapuera. Décimo quinto andar, se bem me lembro. O procedimento estava marcado para 19h30. Precavido, como eu só, cheguei às 19h03. Olhando para o relógio, preocupado com o trânsito que peguei na avenida Brasil.

Revista Caras, espera. Eram 19h12, quando o Dr. Endo chegou. Um leve cumprimento com a cabeça foi suficiente. Como o nome entrega, é japonês. Baixo e barba. Não barba de mestre oriental, mas Lulinha paz e amor. Cerrada e bem aparada. Conheço ele desde quando tinha quatro anos. Faças as contas. Ele sempre manteve esta aparência. Será que ele descobriu a fórmula da juventude?

Dr. Endo entrou por uma porta. A mesma porta que se abriu às 19h23. Uma enfermeira me chamou. “Sr. Guilherme?”. “Sou eu”, respondi e me levantei. Entramos.
- Vou ter que colocar esta touca ridícula em você, tudo bem?

“Fazer o quê”, pensei. “Tudo bem”, falei. Touca ridícula e depois umas sapatilhas. Inclinar a cabeça. Uma gota em cada. “Pronto. Agora é só esperar um pouquinho que e já volto”, como era simpática esta enfermeira. Tentei perceber suas formas, mas ela também usava sapatilhas e touca ridícula. Além do tradicional avental branco. “Deve ser boa”, correu meu pensamento.

Não demorou. “Sr. Guilherme? Estamos prontos”. De sapatilhas e touca ridícula levantei. “Agora não tem volta”, pensei. Mentira. Sempre tem volta. Até da morte, como Jesus bem mostrou. Mas a vida sem uma pitada de novela mexicana, fica meio sem graça.

Sente-se. Abra bem o olho. Você vai sentir uma leve pressão. Olhe para a luz vermelha. Isso, muito bem. Vou pingar umas gotinhas. A luz vermelha vai sumir uns segundos, mas mantenha o olho fixo. Isso mesmo. A luz vermelha voltou? Sim? Vai começa a aplicação. Não se mexa. Vai sentir um leve cheiro de queimado, mas é normal.

44 segundos depois, “Parabéns, o direito já foi, agora o outro”.
Repetiram o processo. Sem o “Sente-se”. Eu já estava sentado. Demorou um pouco mais, 45 segundos.
- Foi um sucesso, Sr. Guilherme!

Esta enfermeira devia ganhar o troféu de Miss Simpatia, sem dúvida.

Daquele momento em diante os óculos eram uma peça de museu na minha existência. De touca ridícula e sapatilhas eu era um novo homem.


[publicado em 22/01 no multiply]