depois de velho, continuou tarado.

terça-feira, maio 30, 2006

ainda na França.

Em Cannes, terminou o festival de filmes local. O ganhador da cobiçada palma de ouro foi o veterano Ken Loach. Com o filme "The Wind That Shakes the Barley".

Loach, nasceu em 1936, fez muita televisão até estrear nos cinemas com "Kes", em 1969. Recentemente aqui no CCBB de São Paulo houve uma mostra de seus filmes. Fui assistir alguns, inclusive este primeiro. O que me impressionou foi a maneira econômica e enxuta que conduz suas narrativas. Planos simples que deixam o roteiro e os atores aparecerem. Nada ali é gratuito, tampouco ordinário.

Ficou conhecido como um cineasta político. O que deve ter afastado muita gente de suas películas. Apesar de tocar assuntos espinhosos, o faz sempre com delicadeza e muito humor. Não vemos seus filmes e saímos pensado em política, e sim em seus personagens. O humano está sempre no primeiro plano. Quem duvida, deve assistir “Pão e rosas”, por exemplo. Ali tem imigrantes ilegais, sindicato, greves, patrões, e também amor, esperança, sonhos, amizade.

Despachou o favorito Pedro Almodóvar, com “Volver”. Como o espanhol bem lembrou, "ser favorito em Cannes é não ganhar". Verdade. Dificilmente os filmes que os críticos e o público escolhem como os melhores levam o prêmio. Este ano, o júri era presidido pelo chinês Wong Kar-Wai. Cuja cinematografia é oposta à de Loach. Esqueceram que quando Tarantino presidiu o júri, o premiado foi Michael
Moore.

Almodóvar com certeza terá mais oportunidades no futuro. Hoje, a palma de ouro – sem dúvidas – está em boas mãos.

segunda-feira, maio 29, 2006

na França.

Começou domingo o torneio mais simpático do Grans Slam. No saibro de Roland Garros. Já no primeiro dia colocaram a russa Maria pra jogar, não são bobos...

Apesar de estar quase vinte dias parada para se recuperar de uma contusão no pé direto, Sharapova conseguiu derrotar a americana Mashona. Isso mesmo, Mashona. Teve um pouco de dificuldade e parou o jogo algumas vezes para entrada do fisioterapeuta. No final foi 6-2, 5-7, 7-5, salvando dois match points contra.

Foi a primeira vez que ela usou esse novo uniforme, com saia fru-fru, espero que dê sorte e ela não sinta a contusão novamente.

segunda-feira, maio 22, 2006

Casas Bahia.

Os convocados de Parreira já estão reunidos em Weggis na Suiça. Como sempre, causam alvoroço por onde passam. A pequena cidade está movimentada e vestida de verde-amarelo.

Do lado de cá do oceano, pipocam as promoções. Nenhuma me chamou a atenção, até ontem. Casas Bahia. Você pode comprar uma TV de Plasma em sei lá quantas vezes e se o Brasil for Hexacampeão, leva outra igualzinha por apenas R$ 1,00. Se tivesse dinheiro comprava. E torceria como nunca pelo triunfo brasileiro.

quarta-feira, maio 17, 2006

Pra se esquecer.

Decepção. São Paulo virou uma cidade de faroeste. Como nos filmes, forasteiros chegaram atirando para todos os lados. Sem se perder no roteiro, a população paulista encarnou os mexicanos. Correu para se esconder em suas casas, à espera de um salvador.

Nós paulistanos nos orgulhamos de nossa noite. Não temos praia, nem paisagens magníficas. Mas lembramos quem chega aqui, pode-se ir aos melhores restaurantes. Clubes para todos os gostos musicais. Teatros e cinemas aos borbotões. Abrimos mão de tudo isso num piscar de olhos. Fomos buscar abrigo. Fugimos daquilo que mais gostamos, por que uns marginais resolveram que a cidade não é nossa. E aceitamos passivamente, sem pensar.

Colocaram fogo em ônibus. Metralharam delegacias, bancos, postos de policia. E assassinaram. Mataram policiais, bombeiros, até guarda-florestal. Civis que os acompanhavam também foram vitimas. Não há como negar isso. Contudo, não podemos esquecer, nesta cidade, em qualquer dia, temos mais baleados que zonas de guerra no oriente médio. Dois seqüestros-relâmpago por hora. Não sei quantos assaltos, roubos e estupros. E – apesar destas ocorrências – nunca deixamos de usufruir de nosso espaço. Segunda-feira estava mais perigosa que os outros dias? Acredito que não.

A mídia tem uma parcela de culpa. Fez um circo enorme sobre estes acontecimentos. Sem esclarecer a magnitude real de tudo isso. Com seus apresentadores gritalhões, levantou a audiência repetindo as mesmas imagens, num looping terrorista.

As autoridades também são culpadas. Os recém-empossados demoraram pra mostrar as caras e acalmar à população. Colocar em perspectiva e dar segurança ao cidadão paulista. Nas eleições eles aparecerão, garantindo nosso bem-estar, pode ter certeza.

Não alivio pros moradores desta cidade e deste estado. Deveríamos ter nos organizado. Pra tomar as nossas ruas de volta. Ter organizado uma noite melhor que todas as outras. Daquelas em que se chega atrasado pro trabalho na terça. Todo mundo sair. Mostrar que não serão alguns malfeitores que irão nos fazer borrar de medo. Infelizmente foi o contrário que aconteceu. Nos borramos.

Assim demos poder pra aqueles que não deveriam ter nenhum. Mostramos que somos massa de manobra. Pronta pra ser usada. Deixamos marginais controlar nossas ações. A cidade apressada, a locomotiva do país, a terra da garoa parou. Virou refém, sem ao menos tentar resistir.

Isso tudo foi muito triste pra mim. Paulista e paulistano com orgulho de ser. Não acreditava que covardia fosse uma característica de meu povo. Um dia pra esquecer.

sexta-feira, maio 12, 2006

macro.

Descobri - ou melhor, me ensinaram. Basta um pedaço de cartolina que suas lentes se transformam em macro. Isso se sua câmera for reflex. Minha maleta fotográfica carrega agora várias tiras de cartolina preta.

Fechou.

Acordo hoje e leio nos jornais que o top cine (lembra Si?) fechou suas portas. O prédio foi comprado. Os novos donos tem outros planos para o espaço. Nos resta o lamento e as memórias.

Não era um belo cinema. Nem muito cheiroso. Contudo sua programação sempre me atraia pra lá. De uns anos pra cá resolveu se assumir como alternativo. Filmes antigos, de autor. E novos ousados. Vi Truffaut de monte. Assisti o Brown bunny, com a fogosa Chlöe Sevgny. Há uns meses passou a vender cartazes de filmes. Quando estava perto, passava ali pra dar uma olhada.

O gerente que controlava as duas salas disse que procurarão um novo espaço para a voltar aos guias de programação. Espero que achem. Um com cheiro melhor, mas com a mesma intenção - de fazer um contra-ponto aos bluckbusters.

terça-feira, maio 09, 2006

Cinqüenta e dois.

"O corte" (Couperet, Le)
dir: Costa-Gavras;
com: José Garcia, Karin Viard e Geordy Monfils;
França.

quinta-feira, maio 04, 2006

Outros que vi.

- Mentiras sinceras. Os cornos britânicos são diferentes dos nossos.

- O matador. Divertido filme com o ex-007. Amizade e mortes. Uma boa surpresa.

- Garota de vitrine. Steve Martin sério. Claire Danes linda. Triste sem deixar de ser otimista.

- O mundo de Jack e Rose. O mais ousado que vi este ano. O amor entre pai e filha. Você acaba torcendo para o incesto. Daniel Day-Lewis dá um show. E Camilla Belle é meio brasileira.

- O homem-urso. No tudo é verdade. Divertido e perturbador.

- V de vingança. Muito barulho.

- A Lula e a Baleia. Sobre pais e filhos. Sem conclusão, por isso as pessoas saem um pouco frustradas da sala. Boas atuações.

- O Albergue. Tem uma ponta do japonês preferido do ZP, Takeshi Miike. Se fosse dirigido por ele seria fantástico. Infelizmente não é. Assim, fica medíocre, no pior que carrega esta palavra.

- Três enterros. A primeira parte, antes de começar a viagem, é muito boa. A caminhada começa e o filme cai.

quarta-feira, maio 03, 2006

redhead.



Dizem que só falo de loiras por aqui. Então taí, um vídeo de uma ruiva. Tem apenas três segundos de duração, porém provoca um tsunami na imaginação masculina.

Lindsay Lohan é novinha. Basicamente fez filmes infantis ou adolescentes. Este é um momento crítico em sua carreira. Tem que mudar de público. Não se pode ficar na infância pra sempre. Ou ela decola de vez, ou some. Torço para que ela continue a mostrar seus talentos naturais.

terça-feira, maio 02, 2006

94.



Vocês nunca viram o Brasil ser campeão, falava meu pai. Com um pouco de pena de seus filhos e com muito orgulho das conquistas - 58, 62 e 70 - que ele viu. Isso mudou em 1994. Na copa em que festejamos com uma bola que não balançou as redes.

Baggio chutou na trave. Teve festa do Iapoque ao Chuí. Este mundial é o oposto do de 1982, na Espanha. Quando tínhamos a melhor seleção, mas fomos derrotados pela Itália, de Paolo Rossi. Jogávamos como ninguém. Toque refinado, ginga e dribles. Perdemos jogando bonito.

Ganhamos jogando feio. Não haviam muitos craques em 94. Um bom ataque com Romário e Bebeto. Uma defesa sólida. Mas o meio-campo cheio de cabeças de bagre. Muito esforço e pouca beleza. Buniteza não ganha copa. Eficiência sim.

Foi isso que aprendi depois da final. Um zero a zero no tempo normal, que se manteve na prorrogação. A primeira copa decidida nos penais. Tinha que ser no país da bola oval, no qual a maior parte da população nem soube que houve um mundial ali.

Nossa sorte foi decidida pelas chuteiras de outros. Não foi emocionante, pelo menos pra mim. Não chorei. Não soltei fogos. Não pulei na paulista. Claro que foi bom. Mas queria que fosse melhor.

Hoje percebo que este ano mudou o futebol do Brasil. Como costuma dizer o Parreira, este mundial trouxe a tranqüilidade de volta aos nossos campos. Ficamos vinte e quatro anos – ou cinco copas – sem ganhar. A pressão estava cada vez maior. Depois de 94, em duas copas, ganhamos outra e fomos vice contra o Zidane.

Agora temos liberdade pra jogar bonito e com eficiência. Temos os melhores do mundo para cada posição. O negócio agora é saber se manter no topo. Sem perder a ginga. Voltamos a ser os melhores do mundo. Graças à um bola que um italiano chutou na trave.