Ontem assisti “O tempo que me resta”. Francês. Conta a história de um homem que descobre estar à beira da morte. Não entrarei em mais detalhes, pois este texto tratará de outros pormenores.
O que faz o jovem ao se descobrir moribundo? Saca sua pequena câmera digital e fotografa cenas bucólicas em um parque. Passa o filme apertando o botão, tentando guardar seus últimos momentos. O fascínio pela imagem parada cresce a cada dia. Todos queremos guardar nossos momentos. Paralisar o tempo e ficar revivendo àqueles tempos que não voltam mais.
Apesar de sua difusão acelerada, a fotografia ainda permanece um processo desconhecido para a maioria das pessoas. O que me parece um contra-senso. Tirar uma foto e entender o que aconteceu é bem simples. Contudo as pessoas ainda acreditam em fantasmas se vêem uma mancha no retrato.
As máquinas digitais vieram acelerar o processo e aumentar o desconhecimento. Virou uma praga. Poucos refletem sobre o que estão mirando. Apenas apertam o botão. E ouvem o barulho gravado, click. Por que seu celular faz click? Para saber que tiramos uma foto. E porque não é um outro barulho qualquer? Tipo pim, pom, pum? Ah, é para imitar aquelas máquinas velhas. Sei... e você sabe porque as máquinas velhas faziam click?
E que máquinas mais antigas ainda não faziam barulho algum?
Porque os celulares não imitam estas mais ancestrais?
Não sou contra a democratização da fotografia. Devo comprar um celular com uma acoplada nesses dias. Mas temos que saber que foto não guarda momentos, nossa memória sim. Que foto não vê espíritos, registra a luz e a falta de luz. Que o tempo não é paralisado, o relógio não deixa.
Hoje, fazemos como o moribundo do filme. Sacamos e apertamos o botão. Sem perceber que nosso futuro está passando. E nossas fotos não estão ficando mais belas.
depois de velho, continuou tarado.
segunda-feira, setembro 04, 2006
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
discordei completamente de voce agora! e poderemos discutir longamente a respeito disso. :D
ihhh...
Postar um comentário