A primeira copa do mundo de que me lembro é a de 82. Acredito que foi quando comecei a me interessar por futebol. Zico, Sócrates, Éder, Falcão, era uma puta seleção. Infelizmente caíram diante de um italiano – que me recuso a escrever seu nome -, nem sempre os melhores ganham. Foi o que ficou dessa copa.
Eu e meus irmãos gostávamos de picotar papel durante as partidas. Quando o Brasil marcava um gol, jogávamos tudo pela janela. Era um festival de papel picado no prédio. Bonito de se ver. O jardineiro deve ter trabalho para recolher tudo, pensamos com um leve peso na consciência. Ah, mas ele vai ficar feliz porquê o Brasil ganhou, criança não carrega arrependimentos.
Não sei qual foi o sentimento o jardineiro recolhendo papéis depois do desastre. Eu sei que chorei. Fiquei triste. Aquela seleção passava alegria. Dava gosto de ver jogar. Acho que foi a última copa romântica. Antes do capital entrar pesado. Poucos jogadores estavam no exterior, não eram astros, eram pessoas comuns. Bebiam cerveja, falavam palavrão. No máximo anunciam cuecas. Talvez por isso, fomos derrotados.
É difícil saber o que poderia ter acontecido se fossemos campeões. Talvez o Parreira fosse visto com outros olhos. Um técnico de futebol feio. Zico seria comparado à Maradona. Dificilmente Felipão teria chegado onde chegou. Também acredito que o futebol brasileiro não evoluiria no lado técnico e tático, como ocorreu desde então. Telê Santana – com certeza – seria muito mais venerado. Pode ser que não chegássemos ao penta. Enfim, o se não faz história.
Em 1982, descobri uma nova paixão. Amor imperfeito, já que não levamos o caneco. E por isso, muito mais apaixonante. Mulher perfeita colocamos num pedestal e admiramos. Imperfeita, conquista pelos defeitos e amamos com força. Me enamorei por uma seleção que – pra mim – é inesquecível.
depois de velho, continuou tarado.
segunda-feira, junho 05, 2006
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2 comentários:
em 82 houve um time muito melhor que todas essas seleções juntas. e vc sabe qual é.
bonito texto, bonito. apaixonado.
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