depois de velho, continuou tarado.
terça-feira, maio 02, 2006
94.
Vocês nunca viram o Brasil ser campeão, falava meu pai. Com um pouco de pena de seus filhos e com muito orgulho das conquistas - 58, 62 e 70 - que ele viu. Isso mudou em 1994. Na copa em que festejamos com uma bola que não balançou as redes.
Baggio chutou na trave. Teve festa do Iapoque ao Chuí. Este mundial é o oposto do de 1982, na Espanha. Quando tínhamos a melhor seleção, mas fomos derrotados pela Itália, de Paolo Rossi. Jogávamos como ninguém. Toque refinado, ginga e dribles. Perdemos jogando bonito.
Ganhamos jogando feio. Não haviam muitos craques em 94. Um bom ataque com Romário e Bebeto. Uma defesa sólida. Mas o meio-campo cheio de cabeças de bagre. Muito esforço e pouca beleza. Buniteza não ganha copa. Eficiência sim.
Foi isso que aprendi depois da final. Um zero a zero no tempo normal, que se manteve na prorrogação. A primeira copa decidida nos penais. Tinha que ser no país da bola oval, no qual a maior parte da população nem soube que houve um mundial ali.
Nossa sorte foi decidida pelas chuteiras de outros. Não foi emocionante, pelo menos pra mim. Não chorei. Não soltei fogos. Não pulei na paulista. Claro que foi bom. Mas queria que fosse melhor.
Hoje percebo que este ano mudou o futebol do Brasil. Como costuma dizer o Parreira, este mundial trouxe a tranqüilidade de volta aos nossos campos. Ficamos vinte e quatro anos – ou cinco copas – sem ganhar. A pressão estava cada vez maior. Depois de 94, em duas copas, ganhamos outra e fomos vice contra o Zidane.
Agora temos liberdade pra jogar bonito e com eficiência. Temos os melhores do mundo para cada posição. O negócio agora é saber se manter no topo. Sem perder a ginga. Voltamos a ser os melhores do mundo. Graças à um bola que um italiano chutou na trave.
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2 comentários:
A bola nem na trave pegou. Foi direto por cima, para o alto e avante, a lá Super Homem.
Foi uma Copa feia mesmo, mas na época em que mal comemoramos, não percebíamos a importância que teria. Hoje respeito muito mais o baixinho goleador, o goleiro aguado, o meio-campista destruídor, do que respeitei em 94.
Realmente a bola foi pra fora e não na trave. Acho que minha memória me pregou uma peça. A trave é mais dramática...
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