depois de velho, continuou tarado.

sexta-feira, dezembro 09, 2005

X-mas.

Natal me lembra calor. Suor. Ventilador. Nunca tive ar-condicionado. Deve ser por isso que sempre achei a figura do Papai Noel estranha. Pra quê aquela roupa toda?

Noel é Deus pagão da festividade. Apesar do nosso Salvador ter nascido, celebramos com o bastardo. Não lembro de ter visto um imitador de Jesus receber criancinhas e perguntar o que querem de presente. Ou descer de helicóptero no meio de um estádio ao lado da Xuxa. Seria interessante vê-lo com as chagas, a ferida no bucho, a coroa de espinhos e aquele ar de quem carrega o mundo nas costas no meio do shopping distribuindo folhetos de um fast-food.

Adotamos a figura do gordinho, bocheches róseas, cores da coca-cola e uma bela barba branca. Jogamos fora os presépios, compramos pinheiros de plástico com neve falsa. Neve falsa, quer coisa mais ridícula num país tropical?

Qualquer significado religioso que a data tenha tido, se perdeu há tempos. Fala-se em paz e amor, mas também em promoção imperdível e descontos. Tudo no mesmo comercial.
Não tenho fé. Por isso comemoro o natal. É uma data pra se trocar presentes e começar a fazer o balanço do que foi o ano. Se fosse fiel, não compraria nada. Faria uma festa discreta, com presépio e muita reza. Radical. Seria chamado de louco. Ainda bem que sou cético. Não tenho peso na consciência.

Quando era pequeno, no prédio onde morava, penduravam belas luzes coloridas. Eram grandes bulbos enfeitando as árvores. Depois trocaram por pequenas luzes brancas, sem graça. Enrolaram as árvores. Todo mundo fez o mesmo. Monocromático. Monotonia. Acho que isso resume bem os meus sentimentos.

Um comentário:

Christal Perséfone disse...

Concordo com você em gênero, número e grau.O que faz Noel de roupa vermelha no verão?
O Noel no brasil deveria se vestir com uma bela bermuda, sandalhas de praia e para o visual ser completo deveria raspar aquela barba desnecessária, é tão quente aqui.
Uma prancha de surf serveria como transporte... como é bom sonhar.

Como trasformar uma idéia dos marketeiros... O natal é uma época que a histeria coletiva consome tudo o que vê pela frente.