Hoje conheci o bom velhinho. De presentes, ele me deixou números. Foi algo que não acontece todos os dias. Vou lembrar disso por muitos natais.
Voltava de minhas últimas compras natalinas. Pequenas lembranças que compro numa loja na Vila Madalena. São coisinhas artesanais. Passo por ali há um par de anos. Dou em cima da vendedora de olhos grandes e jeitinho comportado. Acabo levando mais do que imaginava.
Ainda sem conseguir o telefone da mocinha e com os presentes embrulhados no banco traseiro, seguia para minha casa. Pela Girassol. No encontro com a Wisard, existe um enorme aviso pintado com letras maiúsculas no asfalto. DEVAGAR. Um cruzamento movimentado. Fui de mansinho. Sem pressa. É natal. Tem até aqueles faróis amarelos piscantes, cruze com cuidado. Um semáforo deste foi usado numa campanha contra AIDS.
Escuto uma freada violenta. Olho para os lados. Não vejo nada. Um grande barulho. E meu carro balança. Me abalroou por trás. Olho para o lado, o bom velhinho levanta os ombros e faz uma cara de “desculpa aí”.
Paro meu carro logo depois do cruzamento. O trenó - ou melhor - Fiat uno do bom velhinho não anda mais.
Eu desço, estou inteiro. Ele desce, mancando. Vem ao meu encontro. Tentei frear, vi que não daria tempo, aí tentei desviar. Interrompo, digo “não conseguiu”. Pois é, mas podia ser pior. Que sorte, hein – minha ironia escapa. O senhor está mancando. É uma maldita unha encravada que não me deixa em paz.
O bom velhinho é simpático. Admite a desatenção. A merda já foi feita, não tem porque estressar. Liga pro seguro. Eu ligo pro meu. Antes dos guinchos chegarem, fico com os números. De sinistro, telefone, R.G., celular, registro de segurado. Ele mora na Purpurina, há quarenta anos, não é fofo? Vou ouvir os diabos de minha mulher, lamenta o senhor de poucos cabelos brancos.
Ainda tremendo, com uma mão ajeitando os óculos bifocais e a outra estendida, me cumprimenta. Foi mal e feliz natal, pra você e sua família.
Feliz natal, bom velhinho, espero que ganhe um par de óculos novos.
obs: não conesgui uma foto de velhinho boa. mas acho que esta aí serve, né?
depois de velho, continuou tarado.
sábado, dezembro 24, 2005
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Um comentário:
ele já bateu no dirceu, agora no seu carro, daqui a pouco vai querer ser rei do brasil
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