depois de velho, continuou tarado.

sábado, agosto 20, 2005

tradição besta.

Acabo de voltar de um casamento.
Cada vez que vou à um destes rituais fico pensando por que as pessoas ainda mantém essa tradição. Ok, casar, juntar, dividir espaço com alguém querido é compreensível. Assinar um papel, oficializar o negócio todo, mudar o estado civil, eu entendo. Mas aquela cerimônia enfadonha e machista foge da minha compreensão.

Algum dia toda aquela representação teve um significado. Tinha um motivo. Hoje, eles se perderam. A noiva de branco. Ora, tem que ser muito ingênuo para crer que a noiva ainda é virgem. A cor tem este propósito. E mesmo quem vai para o terceiro casamento, sobe toda alva no altar.

O pai entregar a filha para o esposo. Antes eram os pais quem escolhiam os maridos. Passavam a donzela e recebiam um belo dote. Tinham de conhecer bem o pretendente. Negociar o pagamento. Esta hora na cerimônia representava a aprovação final. Atualmente, a filha elege e avisa aos pais. Se não gostarem, danem-se. Casa-se do mesmo modo. E entrega-se a filha do mesmo jeito.

A escolha da igreja (ou local para o evento). Antigamente os casamentos eram realizados na paróquia que os noivos freqüentavam. As pessoas que ali estavam, participavam do cotidiano deles. Agora, determinam o lugar pela beleza. Pelo status. Ou pelo preço - pode ser bem longe, mas é mais barato. Convidam um mundaréu de gente. Evita-se o constrangimento de não chamar quem não é realmente próximo. Vira uma festa enorme num lugar ermo, com decoração padrão.

E a questão que não quer calar: Porque diabos casar na igreja se nenhum dos noivos é católico? E esse papo de católico não-praticante não cola pra mim. Que merda serve um crente que não crê? Que não reza? Ou que só ora nos apertos? Muçulmano que é muçulmano vira-se para Meca e faz suas orações algumas vezes por dia. Cristão nem vai aos domingos na missa. Mas tudo bem, basta fazer um curso, por um preço baratinho.

Por tudo isso, passo até a ver com outros olhos a escolha de Bento XVI para o papado. Se ele realmente for linha dura, deve acabar com esta desvalorização dos valores cristãos. Irá retomar as origens. Tirar a Igreja de cima do muro, que é contra os métodos anticoncepcionais, porém une qualquer casal que pagar o aluguel do espaço.

Onde estão as feministas que não fizeram protestos contra os casamentos? Quer ritual mais machista? O pai entrega a noiva, de branco, virgem e pura, para um outro homem, que dali em diante é quem manda nela. Lutar pelas africanas que tem o clitóris decepado é fácil. Reclamar dos árabes poligâmicos é óbvio. Pelejar contra o casamento é complicado. É guerrear com os próprios sonhos. Isso eu gostaria de ver.

Não é por que é uma tradição que deve ser respeitada. Senão escreveríamos com ph. Andaríamos de chapéu. Uma pessoa bronzeada de sol seria feia. E os negros estariam acorrentados. Phoda-se!

Esta é uma reflexão que faço há tempos. Nada contra os noivos de hoje. Espero que sejam muito felizes.

Honestamente, a cerimônia de casamento tem muitos signos e significados. Eles se perderam. Poucos poderiam se casar genuinamente. Isso deveria ser o prêmio para quem realmente levasse a sério. Hoje não há diferença entre casar ou comprar um tênis. Quem faz, faz pois tem o dinheiro e acha bonito.

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