
Não era um ritual estético. Não se achava mais atraente de saco pelado. E depois, era o primeiro encontro. Tinha poucas esperanças de poder mostrar o corte para a garota. Era algo que não seria mostrado. Apenas ele e seu fiel amigo saberiam da tosa.
Aquilo significava guerra. Como a pintura de um guerreiro. Aparar o cabelo mais íntimo lhe dava confiança. Sentia-se mais leve. Ágil. Espírito fortalecido. Pronto para a batalha.
O local de combate não era externo. A ação que aconteceria no cinema, no restaurante, no bar ou na praça era conseqüência. De um embate muito maior que ocorria dentro dele mesmo. Lutar contra sua timidez. Seu orgulho. Seus medos de rejeição. De exposição. De mudar o resto de sua vida.
Uma peleja sangrenta. Dali surgiria um novo homem. O antigo estaria morto. Por isso cortava com afinco e concentração. Respirando fundo. Pensando antes de passar a lâmina.
Pela porta do banheiro saiu. Cavaleiro do pinto nu. Confiante, apesar das mãos suarem frio.
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