Silêncio.

- ouro -

[texto antigo, postado em homenagem aos meus ex-colegas de trabalho]

Pode parecer estranho. Mas numa conversa o silêncio é primordial. Não falar, diz mais que falar sem parar.

Tem gente que inicia uma discussão com idéias prontas. Vomita-as. E você que aceite. Está tão apegado a elas que só quer saber de colocar para fora. É imperativo. Cambiar, nem pensar. São sagradas. Dogmas. Eternas. Quem é você que quer mudar meu pensamento? Fazer lavagem cerebral?

Pra mim isso tem outro nome. Monólogo.

Silêncio quer dizer ouvir. Ficar quieto. Deixar o outro expor as idéias. Se deixar contaminar com elas. E ver o que acontece. Chegar numa conclusão. Num lugar que nunca foi antes. Então - e só então - abrir a boca, movimentar a língua, reverberar as cordas-vocais, emitir sons, dar opinião.

Conversar, sem contaminar, não existe. Não querer mudar de opinião, é egocêntrico. É cagar pro outro. Guarde suas idéiazinhas para suas nêgas! Um pequeno ditador no reino das idéias.

Silêncio não significa abstenção. Nem subordinação. É respeito. É valorizar as experiências alheias. É valorizar suas próprias. Se tem tanta certeza assim, que mal o outro pode lhe fazer? Por que não colocar a prova? Deixe-a ser combatida pelos melhores gladiadores. Se for fraca, que morra.

Tenha medo de quem muda de idéia sempre. Tenha mais medo daquele que não muda nunca.
O silêncio é de ouro.

{já postado no multiply em 12/02/05}