depois de velho, continuou tarado.
sexta-feira, maio 27, 2005
Transporte público.
- de metrô -
A porta abre. Entro. Sento. Toca o sinal. A porta fecha. Só então percebo do meu lado esquerdo dois caras de preto. Brincos. Argolas. Pulseiras. Anéis. Cabelo comprido. Não são viados. São o futuro do rock nacional.
Conversam como se estivessem sós. Não fosse a minha presença e da gordinha de rosto bonito sentada na minha frente, estariam. Fazem planos. São ambiciosos. Querem conquistar o Brasil todo.
Você acha que os titãs fazem rock? Que o Lulu Santos faz rock? Vociferam os cavaleiros de negro. São novos. Tem uns vinte no máximo. Querem derrubar o poder. E tem idéias para isso. Um plano na cabeça.
Pegamos várias influências. Daqui, dali e misturamos tudo. Ninguém vai perceber. Roubamos dos gênios e seremos gênios. Dão risadas. Como vilões em filmes B. Mas são caras sérios. Comprometidos com a qualidade musical.
Meu, a gente tem que levar isso a sério. Não faremos música para comer gatinhas. Tem que ter qualidade. Tem que ser bom. Fiquei imaginando como seriam as composições deles anteriores a este momento. Ainda bem que a ficha caiu. Sorte do rock. Azar das gatas.
A gordinha de traços belos sai do vagão. A gente já está bem na fita. A menina não parava de olhar pra gente. Sério? A gordinha? É! Olha lá, ela vai virar e olhar pra gente. Nem lançaram o primeiro álbum e já tem o primeiro fracasso. Ela não vira. Nem joga o cabelo pra trás fazendo charme. Sobe as escadas. E deixa os roqueiros frustrados.
Depois disso, um tempo de silêncio. Olham para os lados. Suspiram. Desceram na outra estação. Andar deve ter ajudado. O futuro voltou a animá-los. Voltaram a sorrir. E conversar. Planos geniais. Boa música. Guitarras. Dominação mundial.
Eu continuei a viagem. Feliz em saber que o rock brasileiro estava em boas mãos.
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Um comentário:
belíssimo post.
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